#6. parte um de uma nova história
as mais recentes publicações do Ensaiando Palavras e as recomendações de filme, livros e música para o fim de semana. Vem!
O menino estava sentado no banco da igreja, quieto, roendo as unhas, esperando a missa começar, enquanto a mãe conversava com as colegas do coral. Parecia distraído, mas estava completamente introspectivo e envolvido nas mordidinhas que dava nos cantos das unhas, já quase ferindo a pele. Era muito observador e mesmo com a pouca idade, já conhecia quase todos os frequentadores das missas de domingo e amava quando, no momento de dar a “paz de Cristo”, os adultos o cumprimentavam como se ele fosse também adulto. Todo domingo, ia feliz à missa com a mãe, as pessoas achavam engraçado como uma criança daquela idade conseguia se comportar durante mais de uma hora, de frente para o padre celebrando.
Nesse dia, depois da missa, enquanto voltava para casa com a mãe, caminhando pelas ruas estreitas de paralelepípedo, subindo e descendo as ladeiras do caminho, o menino perguntou porque o rapaz que estava sentado perto deles estava usando óculos escuros dentro da igreja. “O padre deixa, mãe?”, e a mãe não soube como responder àquela pergunta, pareceu inquieta, não se sentia preparada o suficiente para lidar com certos questionamentos que a criança costumava fazer. “Esse menino faz cada pergunta”, e seguiram falando sobre as árvores, o calor e o que fariam quando a tia que morava na capital chegasse para o almoço.
(continua na próxima edição…)
*este texto faz parte de uma série de textos de caráter ficcional que estou produzindo e serão compartilhados exclusivamente com os leitores desta newsletter.
[Diário de escrita]:
Sigo no fluxo criativo por aqui, eim? Fico tão feliz por compartilhar com você, que desde a última edição desta newsletter, a produção do Ensaiando Palavras seguiu em alta, sem grandes intercorrências… eu tô até pisando devagarinho nesse terreno afetivo da escrita, só para bebericar, todo dia, um tanto das minhas fontes de inspiração. Se você me perguntar o que me inspira, só conseguirei te responder que os cotidianos estão sempre rondando cada palavra que escrevo. Quer saber o que andei compartilhando com o mundo nos últimos quinze dias?
Vem cá…
Dois textos que eu amei escrever na minha coluna da Folha de Alagoas:
[Fevereiro tem nome de poema] e [Um milhão de terras cabem dentro do sol]
Eu e a maravilhosa Luiza Gomes (@psi.stenialuiza) estamos nos preparando para lançar um projeto muito especial sobre feminismo e todos os assuntos que pautam a nossa vida em sociedade. A gente está estudando, pesquisando, elaborando conteúdo e planejando tudo com muita responsabilidade e dedicação para o lançamento do Coletivo Reexistir. Eu tô imensamente feliz e animada para compartilhar ainda mais detalhes do projeto com você. Enquanto não posso falar muita coisa, recomendo o instagram do Coletivo para você seguir e ficar na expectativa de tudo, assim como a gente: @reexistircoletivo
E para finalizar esse tópico: publiquei mais uma resenha no instagram da Florita Urbana, dessa vez, sobre o livro: Notas sobre o luto, de Chimamanda Adichie e você pode conferir aqui:
[O livro da vez]:
Li “Tudo é rio” há mais de um ano e fiquei tão mexida com a leitura que praticamente guardei tudo dela dentro de mim, quase não escrevi sobre a história e fiquei só na função de recomendar o livro nas vezes que converso sobre a literatura não nos dever submissão nem ter o papel de suprir as nossas expectativas. “Tudo é rio” é maravilhoso justamente porque incomoda e segue num contrafluxo que nem sempre a gente concorda.
Correndo o risco de soltar uns spoilers perdidos aqui, o máximo que eu consegui escrever sobre ele foi:
“As dores escorrem por todos os lados, como um rio caudaloso, violento, que bate e continua machucando. É tudo tão intenso que eu perco o fôlego. Tem amor também, mas o amor não chega sem o enfrentamento das consequências que podem ser tão devastadoras que se tornam talvez irreversíveis. É possível amar tanto até não aguentar mais de dor? Não sei. Talvez seja, mas a intensidade disso só cabe a cada um de nós, nesse terreno árido, solitário e cheio de barro; mas este mesmo terreno pode gerar vida, caso o rio salpique suas gotas de água doce, insistentemente irrigando a terra, até fazer brotar alguma forma de vida. As dores escorrem, mas o amor se mistura e tudo acaba se tornando uma coisa só. Amores e dores se completam, para atravessar o rio de viver. Aqui, tudo é rio”.
[Para assistir]:
Dê um presente a si mesmo neste fim de semana e assista ao documentário de Gilberto Gil e família: Em casa com os Gil (trailer aqui). Que ele é uma entidade, todo o Brasil e boa parte do mundo já sabe, mas a delícia que é ver toda aquela família reunida, rodeados de arte, amor e música, faz a gente se apaixonar ainda mais por ele. No Em casa com os Gil, a gente acompanha todo o processo de planejamento da turnê da família pela Europa, participa dos ensaios e vê bem de pertinho como aquele povo todinho é sortudo por ter nascido no berço dos Gil. Ali é só amor. Só amor e música. Tudo isso junto vira poesia.
Achei massa essa matéria na Rolling Stone falando sobre o documentário. Boa leitura!
[Ouvi enquanto escrevia]:
Tô viciada na voz de Tim Bernardes, cara! Confesso que tenho muita dificuldade de me deixar envolver por novos nomes da música. Sou uma jovem senhorinha que ama música antiga e que guarda um apego difícil de desarranjar, mas Tim Bernardes é um dos nomes que descongelou o meu coração nesse sentido. Passei os últimos dias ouvindo e ouvindo e ouvindo, e encontrei no youtube essa interpretação surreal dele cantando Black Sabbath e Belchior. É uma das coisas mais bonitas que eu ouvi ultimamente. Foi minha trilha sonora para escrever essa newsletter. Quando ele entra com “Paralelas”, tocando piano, eu me arrepio dos pés à cabeça.
[Um trecho]:
“Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo”.
[Sobre o podcast]:
Desde que comecei o projeto do podcast do Ensaiando Palavras, eu venho buscando formas diversas de encontrar a minha própria voz e de estabelecer a identidade que eu gostaria de transmitir para quem me ouve. Acho que esse formato das crônicas vem me deixando feliz e eu gostaria muito de saber o que você está achando. Me fala? Comenta aqui na newsletter mesmo, ou manda uma mensagem no instagram, ou no twitter, ou por e-mail, ou algum sinal de fumaça, por favor? Ficarei toda, toda me achando de receber sua opinião.
Esse episódio #8 foi um dos que eu mais gostei de gravar:
[E tem mais]:
Olha só o que eu descobri: O livro dos prazeres virou filme! Uma produção brasileira bonitona que será lançada em Setembro/22, veja o trailer aqui. Vai ser uma experiência de leitura completa, já quero assistir!
Ainda sobre Tim Bernardes, encontrei essa lindeza, também no youtube: ele cantando Gal Costa. (socorro que eu não consigo parar de ouvir!)
[Me encontre também]:
Ano 1 - (agosto/2022)
Entre em contato, se quiser conversar mais sobre os assuntos desta publicação.
Até a próxima!
Beijos, Nat <3
Ouvi ME DEIXA DE BOBEIRA, o episódio 8 do seu podcast, enquanto estava na esteira da academia naquele caminhar que até hoje não me me faz sentido algum, caminhar para lugar nenhum enquanto temos estradas infinitas pra percorrer? Não, isso de fato é loucura, mas necessária para quem deseja manter a tal disciplina em dias de chuva. Enfim… ouvi o tal episódio 8 e quase me dissolvi feito um bloco de gelo num chão escaldante, pq era aquilo que eu precisava ouvir, exatamente aquilo: só me deixa aqui de bobeira no meu canto… só me deixa!
Ouvi ME DEIXA DE BOBEIRA, o episódio 8 do seu podcast, enquanto estava na esteira da academia naquele caminhar que até hoje não me me faz sentido algum, caminhar para lugar nenhum enquanto temos estradas infinitas pra percorrer? Não, isso de fato é loucura, mas necessária para quem deseja manter a tal disciplina em dias de chuva. Enfim… ouvi o tal episódio 8 e quase me dissolvi feito um bloco de gelo num chão escaldante, pq era aquilo que eu precisava ouvir, exatamente aquilo: só me deixa aqui de bobeira no meu canto… só me deixa!